O consenso aparentemente existente, entre falantes de português europeu, acerca da pronunciação da amálgama ‘setor’ deveria ser motivo suficiente para quem se entretém a adoptar o Acordo Ortográfico de 1990 – por obrigação, engano, prazer ou convicção – ter uma ideia bastante clara sobre a perturbação introduzida na ortografia portuguesa europeia através da supressão do cê de ‘sector’ — a grafia ‘setor’, note-se, não cai do céu, encontrando-se, por exemplo, não só no Assim Mesmo, no Ciberdúvidas, na Sábado e no Expresso, mas também cá por casa, em trabalhos académicos (cf. Zenhas, 2004 e Dias, 2011) e na Infopédia.
Acrescentemos ao raciocínio uma dose de estupefacção: apesar de a hipótese ‘sector’ existir, estando prevista na própria base IV do AO90 (“sector e setor”) e sendo autorizada pelo VdM, há quem opte por ‘setor’ — neste preciso momento, ocorrem-me umas cinco ou seis razões para tal acontecer, mas hoje, convenhamos, é domingo.
Antes que me esqueça: repararam na ‘optimização’? Com pê? Sim? Pois, no título. Óptimo. Adiante.
Continuando na senda de ‘setor’, o título deste trabalho (“Uma análise das competências do professor de Turismo a partir da perspectiva dos estudantes”) é mais uma demonstração de que efectivamente o AO90 não veio “fazer com que a língua portuguesa tenha uma ortografia única. Ou tanto quanto possível aproximada”, como se pode depreender dessa perspectiva mantida no Brasil, mas em Portugal, pois, claro, proscrita — se lerem o artigo completo e encontrarem aspectos (sim, aspectos) e respectivamente, não se admirem, lembrem-se da “ortografia única” ou “tanto quanto possível aproximada” da “língua portuguesa” e continuem sempre a acreditar.
Actualização (1/7/2013): Referência ao VdM.
Filed under: acordo ortográfico, educação Tagged: agência lusa, historias da carochinha, José António Pinto Ribeiro
